"Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta!" Jung



terça-feira, 19 de julho de 2011

QUEM SOMOS NÓS? (Parte 3)

“Todos os que estão seriamente envolvidos na procura da ciência ficam convencidos de que há manifestamente um espírito nas leis do Universo – um espírito largamente superior ao do Homem”. (Albert Einstein, em resposta ao aluno Phyllis Wright, em 1936, o qual lhe tinha perguntado se os cientistas rezavam).

Parte... 3 – Dos Livros Perdidos da Criação: Os poderes do céu em corpos da terra.

Segundo o censo de 2000, quase 95 por cento da população mundial acredita na existência de um poder superior ou Ser Supremo, com uma determinada descrição. A questão que se coloca prende-se essencialmente com “o que” essa presença significa nas nossas vidas pois, apesar de a população do mundo ser numerosa, mantém-se uma sensação pessoal de “solidão”, aumentada pela ironia de não sabermos quem somos. Paralelamente aos avanços da ciência actual, perpetua-se a necessidade de compreendermos a um nível mais profundo, como é que tudo começou… pois, quanto mais descobrimos, melhor compreendemos como sabemos tão pouco.

Independentemente dos avanços científicos, os maiores pensadores actuais acreditam que os conhecimentos existentes são ainda insuficientes. Apesar da clareza do código genético, das equações de Einstein sobre a energia e a matéria e do fascínio da comunicação via Internet, persistem enormes vazios na nossa visão científica da criação.

Pesem embora os esforços monumentais da ciência para explicar a Vida, a Criação e o Universo, as respostas para esses grandes mistérios poderão encontrar-se nas nossas tradições mais antigas, provavelmente sob uma forma que ainda temos que decifrar e muitas vezes dando crédito a lendas e mitos. Foi o facto de acreditar que “A Ilíada” de Homero relatava eventos históricos factuais, que levou Schliemann à descoberta da cidade de Tróia. Da mesma forma, em 1911, Hiram Bingham descobriu a Cidade Perdida dos Incas (Machu Picchu) e mais recentemente foi descoberta a Arca de Noé no Monte Ararat (Turquia). Reza ainda uma lenda que um antigo Livro do Saber teria sido apresentado a Adão e Eva, mas o mesmo não foi ainda encontrado, acreditando-se porém que apenas seis pessoas o teriam tido na sua posse: Adão, José, Moisés, Joshua ben Nun e Salomão, para além de ter chegado à posse do místico Israel ben Eliezer (1698-1760), mais tarde conhecido como Baal Shem Tov (Mestre do Nome Sagrado), quem baseou os seus ensinamentos no mesmo, referindo:”Existem dois níveis de estudo da Torah: a Torah da cabeça e a Torah do coração. A mente cogita, compreende e entende; o coração sente. Venho revelar a Torah no modo como esta se extende ao coração”.

Os académicos admitem que, através de edições intencionais bem como de processos naturais, a cadeia do conhecimento que liga as nossas tradições mais antigas ao mundo moderno foi interrompida em mais de uma ocasião, pois a partir dessa altura o Livro de Adão deixou de ser referenciado na literatura conhecida. Desta forma se vão dilatando os mistérios de quem somos, sendo que a maneira como encaramos actualmente o nosso presente se baseia numa compreensão incompleta do nosso passado.

A recuperação de textos antigos no século XX, tais como os textos bíblicos dos Manuscritos do Mar Morto e da descoberta dos Textos Gnósticos e do Novo Testamento na Biblioteca de Nag Hammadi, para alem da tradução de inúmeras placas sumérias, vieram revelar informações que permaneceram ocultas do conhecimento público durante dois milénios.

A Bíblia Sagrada, um dos mais poderosos e controversos livros da história da humanidade, resultou da conversão e compilação de séculos de inúmeras obras num único documento, de acordo com as ordens dadas pelo Imperador Constantino ao Concílio de Nice, cujos membros do clero e historiadores que o constituíam consideraram como ausentes de valor prático muitos dos manuscritos, os quais consideraram apócrifos, muitos dos quais descartaram, permanecendo outros apenas acessíveis aos académicos (como o Livro de Enoch, de Judas, e os Salmos de Salomão).

No seu conjunto os escritos encontrados no século passado em Qumran (Mar Morto, Israel) e em Nag Hammadi (aldeia do Nilo, Egipto) apresentam a visão mais completa do mundo antigo e das primeiras tradições cristãs – desta forma, com a historia mais completa, temos uma nova percepção dos mistérios associados a muitas das crenças religiosas.

Mais concretamente o livro de Enoch, no qual este profeta aborda o modo como certos anjos divulgaram os segredos da criação e o modo como estes foram mal utilizados pelo homem, bem como as razões do declínio da humanidade, foi redescoberto em 1773 por James Bruce. Nele se descreve como, ao aliar as qualidades dos anjos a um corpo físico, foi concedido à raça humana um estatuto sem precedentes aos olhos dos anjos de Deus. Finaliza, no entanto, descrevendo como os segredos do Céu se acabaram por perder no reino dos homens: “O saber surgiu para se instalar entre os filhos dos homens, mas não conseguiu arranjar morada… O saber não encontrou lugar para habitar na terra; a sua residência é, portanto, no céu”.

Possivelmente a fonte de conhecimento hebraico mais conhecida é a colecção de textos místicos reunidos na Cabala, cujos textos principais são: o Zohar (Livro do Esplendor), o Midrash (Livro da Iluminação) e Sefer Yetzirah (O Livro da Criação). Enquanto versão mais antiga, mais mística e mais controversa da Cabala, o Sefer Yetzirah, contemporâneo dos Vedas da antiga Índia, é tradicionalmente entendido como uma colecção de metáforas sob a perspectiva de um observador antigo que narra passo a passo o milagre das obras de Deus. A descoberta de uma ligação directa entre as línguas antigas como o árabe e o hebraico e os elementos da vida sugere agora que o antigo Sefer Yetzirah é a explicação concreta de Deus usando as letras do seu nome (os nossos elementos químicos) para criar o universo, o mundo e os nossos corpos, num processo gradual que curiosamente estabelece um estreito paralelo com as mais recentes descobertas da ciência.

Desta forma surge um novo significado para mais de metade das tradições religiosas e espirituais: a história partilhada das tradições judaica, cristã e islâmica, indica que o Deus de cada crença é o mesmo Deus. Embora o nome possa variar, cada religião descreve o Universo como o acto voluntário e intencional desse Deus.

Partilhamos assim a essência de Deus na fundação do nosso código genético...


(continua...)

Adaptado de Gregg Braden in “O Código de Deus”

Namastê
:-)

Sem comentários:

Enviar um comentário